Os deslocamentos para compras são feitos preferencialmente através de carros (Foto: Shutterstock)
Entre aqueles que utilizam os transportes particulares com mais frequência no dia a dia, o principal motivo mencionado foi a agilidade, citada por 42%. Percentual parecido mencionou ainda a comodidade (40%). O conforto e a facilidade de acesso foram citados por, respectivamente, 35% e 30%. Já a facilidade para transportar compras foi mencionada por 20% — conforme os números apresentados anteriormente, os deslocamentos para compras são feitos preferencialmente através de carros.
Em seguida aparecem os problemas relacionados ao transporte público como motivo para o uso dos transportes particulares, com destaque para a lotação dos ônibus e trens (13%); o tempo de espera nos transportes públicos (12%), entre outros motivos.
Os dados são da Pesquisa Mobilidade Urbana 2022, realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em parceria com o Sebrae. O estudo foi divulgado esta semana e também mostra como as pessoas estão utilizando o transporte público no Brasil.
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Abrir mão de carros e meios de transporte público também é uma opção, porém limitada pelas distâncias. A pesquisa identificou um percentual que se locomove majoritariamente a pé ou de bicicleta. O principal motivo, mencionado por 59%, é a proximidade entre a casa e o trabalho. A economia de custos também pesa, citada por 39%. A possibilidade de cuidar da saúde fazendo exercícios foi citada por 39%, além da rapidez (23%), da aglomeração dos transportes públicos (13%) e da economia com estacionamento (11%).
Os deslocamentos seguros com bicicletas requerem uma infraestrutura específica, através de ciclofaixas ou ciclovias. De acordo com a pesquisa, 57% consideram que a estrutura de ciclovias de sua cidade é adequada, ante 39% que consideram inadequada. No quesito estacionamento de bicicletas, 52% consideram a estrutura adequada e 39% consideram inadequada.
Os deslocamentos a pé também requerem algumas condições, como iluminação das vias e segurança. O levantamento mostra que 79% concordam com a afirmação de que a presença de iluminação pública afeta a decisão de fazer trajetos andando. Além disso, 70% afirmaram não se sentir seguros ao fazer caminhadas por sua cidade e 89% reconheceram que a presença de lojas e serviços de saúde e educação próximos de casa favorecem os deslocamentos a pé.
6 em cada 10 residentes nas capitais utilizam apps de transporte
De acordo com a pesquisa, 61% dos entrevistados utilizam aplicativos com serviços de taxi ou transporte particular, 27% utilizam aplicativos de geolocalização e 25% utilizam aplicativos de ônibus. Outras experiências relatadas no dia a dia relacionadas à tecnologia foram a busca de informações sobre o trânsito em sites e aplicativos (49%) e aplicativos para pesquisar os melhores meios para retornar de algum lugar (49%).
A avaliação dos aplicativos de transporte foi majoritariamente positiva em diversos quesitos, mas o campeão foi o conforto, considerado bom ou ótimo por 77%. O tempo de deslocamento (72% de bom ou ótimo), o estado de conservação dos veículos (71%), o atendimento prestado pelos motoristas (69%), e a limpeza (69%) também tiveram boa avaliação. O quesito com maior percentual de avaliação negativa foi o do valor da tarifa, considerado ruim ou péssimo por 20%.
Percentual elevado (68%) também concorda que nos grandes centros é necessário reduzir o número de faixas de veículos particular para ampliar o espaço para ciclovias, corredores e faixas exclusivas para ônibus. Confrontados com a afirmação de que a tecnologia contribui para a mobilidade urbana, 88% concordaram em algum grau.
“Mesmo as medidas que contam com a simpatia da maioria dos entrevistados devem levar em consideração o impacto sobre a mobilidade nas vias adjacentes, mediante avaliação técnica, de modo que a mobilidade e o lazer possam ser objetivos complementares, e não concorrentes. A dificuldade de acesso dos carros, sem a contrapartida de um sistema público de transportes eficiente, poderia ter um efeito diferente do desejado para as atividades comerciais”, destaca José César da Costa, presidente da CNDL.
68% dos que trabalham online desejam manter este formato
Uma das mudanças desencadeadas pela pandemia e que pode ter algum efeito sobre a mobilidade é adoção do regime híbrido de trabalho, em que os funcionários alternam entre dias no escritório e dias em casa. Segundo a pesquisa, 17% afirmaram que ficam ao menos três dias por semana em trabalho remoto, enquanto 16% estudam à distância. Questionados sobre se pretendem continuar nesse regime, 68% dos que trabalham ao menos três dias em casa afirmaram que sim. Entre os que estudam à distância, 53% responderam afirmativamente.
Devido à facilidade do contágio, a maior preocupação mencionada pelos entrevistados com relação à mobilidade pós-pandemia foi a superlotação do transporte público, citada por 45%. O aumento do preço dos combustíveis também foi motivo de destaque, mencionado por 44%. Em seguida, apareceram o aumento das tarifas no transporte público (40%); os congestionamentos (32%); a diminuição das frotas de ônibus (25%); os acidentes de trânsito (16%), entre outros motivos.
“Superado o momento mais crítico da pandemia, há um retorno à normalidade, com o aumento da circulação nos grandes centros urbanos, o que coloca mais uma vez a pauta da mobilidade no centro das atenções. O regime híbrido de trabalho é uma tendência que favorece a mobilidade e o bem-estar dos trabalhadores que podem aderir a esse regime, mas não basta como solução para as grandes cidades, que ainda carecem de investimentos nos transportes públicos. A vida econômica das cidades depende fundamentalmente do deslocamento, seja de pessoas, seja de mercadorias”, aponta Costa.
VAREJO/SA
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