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sexta-feira, 12 de julho de 2024

Brasil busca janela de oportunidades na Asean ante impasse nas negociações Mercosul-UE




À medida em que a assnatura do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia parece cada vez mais distante, o Brasil vem direcionando esforços numa aproximação com os países do Sudeste asiático visando, num futuro não muito distante, negociar um tratado de liberalização comercial com o bloco formado por Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Singapura, Tailândia, e Vietnã.

E os números do comércio com os países da Asean justificam essa iniciativa. De janeiro a junho deste ano, as exportações brasileiras para o bloco cresceram 9,7%, comparativamente com o mesmo período de 2023 e somaram US$ 13,176 bilhões, correspondentes a 7,86% de todo o volume exportado pelo país.

Por outro lado, as importações tiveram uma alta de 12,5% para US$ 5,191 bilhões e a corrente de comércio (soma das exportações e importações) totalizou US$ 18,366 bilhões, com um aumento de 10,5%. As trocas comerciais com esses países asiáticos resultaram em um superávit de US$ 7,985 bilhões em favor do Brasil.

Desafio: agregar produtos industrializados à pauta exportadora

Com o intercâmbio em ascensão, e diante de grandes possibilidades de continuar se expandindo, o Brasil tem pela frente o desafio de agregar novos produtos manufaturados à sua pauta exportadora centrada principalmentem comodities agrícolas e minerais.

Nos seis primeiros meses deste ano, os óleos combustíveis lideraram o Top 5 dos principais produtos embarcados pelas empresas brasileiras aos países da Asean. Apesar da queda de 9,38% em relação ao mesmo período do ano passado, as vendas do produto somaram US$ 2,3 bilhões e foram responsáveis por 32% do total exportado pelo Brasil para o bloco.

Outros destaques da pauta exportadora foram petróleo bruto (US$ 1,77 bilhão; +49.1%); farelos de soja (US$ 1,75 bilhão; -19%); soja (US$ 1,17 bilhão; -3,75%); e açúcares e melaços (US$ 1,13 bilhão; +212%).

Singapura aparece como principal destino dos produtos brasileiros no contexto da Asean, com um total de US$ 4,3 bilhões; -4,9%. A seguir, vieram Malásia (US$ 2,2 bilhões; +29,1%); Indonésia (US$ 2,2 bilhões; +39,1%): Vietnã (US$ 1,8 bilhão; 18,4%); Tailândia (US$ 1,73 bilhão; -15,7%); Filipinas (US$ 942 milhões; +45,8%); Mianmar (US$ 12 milhões; -33,5%); Laos (US$ 11 milhões;+11,3%); e Camboja (US$ 10 milhões; -47,5%).

A exemplo do que acontece em relação à China, principal parceiro comercial do Brasil, as exportações dos países da Asean para o Brasil estão restritas aos produtos manufaturados, de maior valor agregado. São eles válvulas e tubos termiônicas (US$ 698 milhões; +42,3%); equipamentos de telecomunicações (US$ 572 milhões; +2,84%); pneus de borracha (US$ 280 milhões; +27,5%); demais produtos da indústria de transformação (US$ 252 milhões; -7,79%); e gorduras e óleos vegetais (US$ 234 milhões; +8,9%).

Com exportações no total de US$ 1,81 bilhão (+22,9%), o Vietnã foi o país da Asean que mais exportou para o Brasil no período, seguido por Tailândia (US$ 1,18 bilhão; +19,7%); Indonésia (US$ 522 milhões; +9,2%); Malásia (US$ 747 milhões; +5,9%); Singapura (US$ 383 milhões; -22,2%); Brunei (US$ 60 milhões; +291,5%); Camboja (US$ 47 milhões; +10,9%); e Mianmar (US$ 6 milhões;-13%).

Vantagem comparativa

Em abril passado, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, participou da abertura do Seminário “Brasil e Asean: Perspectivas para uma Relação Emergente”. Em seu pronunciamento, o chanceler disse que “o pilar mais visível da nossa relação com o Sudeste Asiático é a cooperação econômica. Nosso comércio cresceu onze vezes entre 2003 e 2023, fazendo da Asean nosso terceiro maior parceiro comercial. Embora o histórico seja impressionante, o futuro é ainda mais promissor. Com um aumento de 30% nos fluxos comerciais nos primeiros dois meses de 2024, as exportações brasileiras para a ASEAN já correspondem, no presente ano, a 80% do total exportado para a União Europeia no mesmo período. A Asean oferece, assim, saudável diversificação de parcerias econômicas para o Brasil”.

Mauro Vieira destacou a importância de ir-se além do aspecto comercial e abrir novas vias de cooperação com esse relevante bloco de países. Ele destacou que “estamos ampliando nossa rede de Postos no Sudeste Asiático. Em outubro passado, inaugurei a Missão do Brasil junto à Asean, em Jacarta. Em fevereiro deste ano, o presidente Lula assinou decreto que cria a embaixada do Brasil em Phnom Penh, em gesto de reciprocidade ao Camboja, que abriu, em 2023, sua embaixada em Brasília. No total, passaremos a contar com 10 missões diplomáticas nos 11 países do Sudeste Asiático, incluindo Timor-Leste, que está em processo de acessão à Asean. Nossas Missões Diplomáticas são e serão cada vez mais catalisadoras da cooperação nos mais diversos campos”.

Mais recentemente, o ministro declarou ao jornal O Globo que “o mundo inteiro está disputando espaços na Asean e na China”, e ressaltou que “a proximidade das relações políticas oferecem ao Brasil uma vantagem a ser explorada. O Brasl está pronto para apoiar projetos e iniciativas de abertura de mercado, em especial para produtos de maior valor agregado e para novos setores, como os ligados à transição energética, à aviação civil e à defesa”.
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